Estado do Livro: Capa desgastada. Páginas com alteração de cor.
Há livros que iluminam não com luz, mas com sombra — e *O Crepúsculo da Idade Média em Portugal*, de António José Saraiva, é precisamente um desses clarões crepusculares onde a história ganha corpo e respiração.
Neste volume, Saraiva conduz-nos pelos últimos séculos medievais portugueses como quem abre portas antigas: dissolvem-se preconceitos, revelam-se tensões sociais, desfilam trovadores, jograis, monges, fidalgos e gentes anónimas que tecem o pano da memória colectiva.
A afectividade dos cantores d’amor, as influências galego-provençais, os Franciscanos, a matéria de Bretanha, o ciclo do Graal, a ascese cristã, o imaginário cavaleiresco, a emergência das universidades, as lutas políticas, a formação de identidades, a escrita de Fernão Lopes — tudo isto forma um mosaico vivo e rigoroso.
Saraiva escreve como quem escava e semeia ao mesmo tempo: cada capítulo é uma janela para o espírito, os medos e as esperanças de um país em transformação.
É uma obra densa, erudita, mas profundamente humana — onde o fim da Idade Média não é apenas uma data, mas um estado de alma.
Um livro para quem gosta de pensar Portugal desde as suas raízes mais fundas.
Índice
Íntroito
Parte I
As expressões da afectividade
1. A corte dos trovadores
2. Os cancioneiros
3. A tradição dos jograis galegos nas cortes hispânicas
4. A arte de amar dos trovadores
5. Alguns temas das cantigas de amor
6. Fórmulas e sentimentos nos cantares de amor
7. Galegos e Provençais
8. A boémia jogralesca
9. Alguns temas jogralescos
10. Os acontecimentos e os poetas vistos nos cancioneiros
11. O Amadis de Gaula como expressão idealizada da corte trovadoresca
12. Amor e morte
13. Os túmulos de Alcobaça
14. Amor humano e ascese cristã
15. As origens modernas do romance
16. A matéria de Bretanha
17. O ciclo do Santo Graal
18. Qual era o simbolismo da Demanda
19. Os Franciscanos em Portugal
20. Divisões entre os Franciscanos
21. Franciscanos e espirituais
22. A reforma dos observantes
23. Frei Álvaro Pais
24. O beato Amadeu da Silva
25. Dinâmica da nova religiosidade
26. A decadência dos antigos mosteiros
27. Os Dominicanos
28. Novas devoções
29. Louvores e cantigas espirituais de mestre André Dias
30. Outras obras espirituais
31. Uma tradução portuguesa da Imitação de Cristo
Parte II
A actividade intelectual
32. Pedro Hispano: um escolar português na Europa
33. A livraria de Alcobaça
34. Precedentes da Universidade em Portugal
35. O movimento europeu das universidades
36. A Universidade na Espanha
37. O Estudo Geral de Lisboa-Coimbra
38. A segunda fundação
39. A organização interna da Universidade portuguesa
40. A Universidade e o direito público
41. A matéria dos estudos
42. Os graus universitários
43. Os mestres
44. Os colégios
45. A Universidade e a centralização do poder político
46. Tendências filosóficas na Europa ocidental
47. A polémica em torno de Aristóteles
48. Um heterodoxo em Lisboa
49. Escritos antijudaicos
50. Raimundo Lúlio em Portugal
51. A Corte Imperial
Parte III
Valores e critérios de acção
52. Os anaes históricos antigos
53. Os livros de linhagens
54. O refundidor do título XXI
55. A Crónica Geral de Espanha de 1344
56. A Crónica de Portugal de 1419
57. A primeira narrativa do milagre de Ourique
58. Fernão Lopes cronista da nova dinastia
59. A legitimidade dinástica e o direito patriótico de naturalidade
60. Que significa «o evangelho português»
61. Uma teoria biológica do patriotismo
62. Fernão Lopes como historiador
63. O ponto de vista de Fernão Lopes
64. A arte narrativa de Fernão Lopes
65. Os protagonistas individuais
66. Os protagonistas colectivos
67. Fernão Lopes e o espírito cavaleiresco
68. A fala
69. Fernão Lopes e a epopeia
70. A nova Távola Redonda
71. Infância e mocidade de Nun’Álvares
72. Frei Nuno de Santa Maria
73. A tradição literária na corte de D. João I
74. A teoria da sociedade segundo o infante D. Pedro
75. O Leal Conselheiro
76. O regresso de Sant’Iago
77. Historiografia e honra
78. A Ordem de Cristo em Portugal
79. O último templário
Índice remissivo