Estado do Livro: Bem conservado
Há histórias que começam antes de começarem — na penumbra de uma sala de cinema, onde um escritor observa dois vultos projectados no ecrã: José e Maria. Não se conhecem, e talvez por isso o seu encontro brilhe ainda mais, como duas partículas perdidas que, por acaso cósmico, acabam por tocar-se.
Lisboa surge aqui como um murmúrio azul, cidade fragmentada em planos, figurantes e músicas inesperadas — um cenário que respira, dança e participa. O narrador observa sem intervir, vê o filme destas vidas como quem tenta decifrar o coração humano através das sombras e das luzes.
Neste romance que pulsa como guião de cinema, as personagens avançam entre a opacidade das imagens e a dificuldade de lhes ultrapassar a superfície. E, no entanto, há uma vibração de felicidade — breve, delicada, luminosa — que atravessa o texto como um raio turquesa.